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ESQUEMA DE ABANDONO/INSTABILIDADE: COMO ESSE PADRÃO EMOCIONAL PODE SABOTAR SEUS RELACIONAMENTOS

Tempo de Leitura: 3 min 2 seg
Introdução
Você já sentiu um medo intenso de ser deixado por alguém importante, mesmo sem motivo aparente? Ou ficou ansioso ao menor sinal de distância emocional de uma pessoa querida? Se sim, é possível que você esteja lidando com o Esquema de Abandono/Instabilidade, um dos 18 esquemas desadaptativos identificados pela Terapia do Esquema.
Esse esquema pode afetar profundamente sua vida amorosa, amizades e até sua autoestima. Neste artigo, vamos entender o que é o Esquema de Abandono, como ele se forma, seus efeitos no dia a dia e, principalmente, como começar a transformá-lo.
O que é o Esquema de Abandono/Instabilidade?
O Esquema de Abandono/Instabilidade é um padrão emocional profundo, caracterizado pelo medo constante de que pessoas importantes em sua vida abandonem-no ou deixem de estar disponíveis emocionalmente. Quem vive sob esse esquema sente-se inseguro nas relações, interpretando qualquer sinal de afastamento como uma ameaça de perda.
Esse medo nem sempre está relacionado a algo real. Mesmo quando o relacionamento é estável, a pessoa se sente ansiosa, vigilante e com dificuldade de confiar plenamente.
Como esse Esquema se forma?
Como todos os esquemas desadaptativos, o de abandono geralmente tem origem na infância. Ele costuma se desenvolver em contextos como:
- Perdas reais ou simbólicas: morte, separação ou ausência emocional de figuras cuidadoras.
- Pais imprevisíveis ou emocionalmente instáveis: presença e afeto que vêm e vão sem explicação clara.
- Ambiente de insegurança ou negligência emocional: a criança não se sente vista, acolhida ou protegida de forma consistente.
Essas experiências levam a criança a acreditar que o amor e o cuidado não são confiáveis ou duradouros.
Como o Esquema de Abandono afeta a vida adulta?
Na vida adulta, esse esquema pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da personalidade e da história de cada pessoa. Veja alguns exemplos:
1. Relacionamentos Amorosos Instáveis
A pessoa pode se tornar muito dependente, carente ou ciumenta. Pequenos afastamentos — como demoras para responder mensagens — geram angústia e pensamentos catastróficos.
2. Comportamentos de Apego Ansioso
Busca constante por garantias de que o outro não irá embora. Pode testar o parceiro, exigir provas de amor ou viver com medo da rejeição.
3. Evitação de Relacionamentos Profundos
Por medo de sofrer com perdas, algumas pessoas se fecham, evitam vínculos afetivos e tentam manter os outros à distância.
4. Repetição de Padrões Tóxicos
Envolver-se com pessoas emocionalmente indisponíveis pode reforçar o esquema, criando ciclos de abandono real ou percebido.
Como enfrentar e transformar o Esquema de Abandono
Embora esse padrão seja profundo, ele pode ser transformado com autoconhecimento, prática emocional e, muitas vezes, com acompanhamento terapêutico. Veja algumas estratégias:
1. Identifique Seus Gatilhos
Observe em quais situações você se sente inseguro ou teme ser abandonado. Reconhecer o início do esquema é o primeiro passo para não agir no automático.
2. Desafie Seus Pensamentos Catastróficos
Nem toda distância é abandono. Aprenda a distinguir fatos de interpretações baseadas no medo.
3. Reforce Sua Autoestima
Busque fontes internas de segurança. Pratique a autocompaixão e o reconhecimento de seu próprio valor, mesmo fora das relações.
4. Construa Relacionamentos Saudáveis
Cultive vínculos com pessoas estáveis e confiáveis. Relações seguras ajudam a reestruturar o esquema com base em novas experiências.
5. Considere a Terapia do Esquema
Essa abordagem ajuda a identificar os modos ativados (como o modo criança vulnerável ou o modo protetor evitativo), ressignificar experiências passadas e estabelecer diferentes formas de se relacionar.
Conclusão
O Esquema de Abandono/Instabilidade pode tornar a vida emocional turbulenta, mas com apoio e consciência, é possível construir relações mais seguras, confiantes e satisfatórias. Lembre-se: você não está condenado a repetir os padrões do passado. A cura começa com o primeiro passo em direção ao autoconhecimento.
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Referências Bibliográficas
- YOUNG, J. E.; KLOSKO, J. S.; WEISHAAR, M. E. Terapia do Esquema: Guia de Técnicas Cognitivo-Comportamentais Inovadoras. Porto Alegre: Artmed, 2008.
- AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5-TR. Porto Alegre: Artmed, 2023.
- ARNTZ, A.; JACOB, G. Schema Therapy in Practice. Chichester: Wiley-Blackwell, 2012.